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Entrevista | Agente Principal Francisco Mestre, 26 Anos de Policiamento de Proximidade

Fotos: Francisco Melim | Texto: Catarina Peixoto

PREFECIONISTA, PACIENTE, MOTIVADO E ALGUÉM QUE GOSTA DO QUE FAZ, SABE OUVIR E, ENTRE TANTAS COISAS QUE JÁ FEZ COMO AGENTE DE PROXIMIDADE, ACREDITA QUE AINDA VAI FAZER MUITAS MAIS, POIS VONTADE NÃO LHE FALTA. SÃO 26 ANOS DE CARREIRA NA POLICIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DEDICADOS AO SERVIÇO AO PROXIMO, COM MOTIVAÇÃO, EMPENHO E DINAMISMO, SEMPRE EM CAMPOLIDE. 

DO ALENTEJO PARA A METRÓPOLE

Francisco Constantino Mestre, mais conhecido na nossa querida freguesia como Agente Principal Francisco Mestre, nasceu em França e foi com sete anos que rumou para Salvada, uma aldeia a doze quilómetros de Beja. Aí estudou e trabalhou numa pequena loja de fotografia, mas não tardou a sentir o apelo de ingressar no Exército. “Nunca tinha saído da terrinha,
quando cheguei cá a Lisboa fiquei a olhar. Esta gente anda tudo a correr atrás dos transportes, tudo à pressa, enquanto lá na aldeia era tudo sossegado”. No entanto, conta-nos, em tom divertido, que três meses depois da chegada à agitação da metrópole já andava, também ele, a correr para apanhar o autocarro.

A PASSAGEM PELO EXÉRCITO E A FOTOGRAFIA

Os quatro anos e meio seguintes, de 1993 a 1997, foram dedicados ao Exército Português, onde começou por estar um mês no Regimento de Infantaria N.º 1, na Serra da Carregueira, em Belas. Depois foi para o CPMAI, o Centro de Produção de Meios de Apoio à Instrução, onde, pelo gosto que já lhe tinha ganho, tirou a especialidade de Fotografia. A fotografia foi, aliás,
a área à qual se dedicou durante o tempo em que esteve no Exército e os registos que fez para o seu acervo são incontáveis. “Tirei tantas fotografias”. Com esta função esteve também em Angola a fotografar “as nossas
tropas” e desse intenso período resultou um livro de fotografias chamado “Soldados”, que ainda hoje guarda religiosamente.

INGRESSO NA PSP

Foi com afinco e um olho no futuro que decidiu mais tarde agarrar a hipótese de concorrer para a Polícia de Segurança Pública. Durante essa fase também estudou à noite para completar o ensino secundário. Deu então
entrada no Curso de Formação de Agentes, na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, a 1 de setembro de 1997, e onde passou sete meses em formação. A 25 de março de 1998 ingressou na 21.ª Esquadra, em Campolide, onde se encontra até hoje. Começou pela patrulha “que é o serviço que, quando chegamos, todos fazem” e onde conduzia “uma motinha”.

Corria o ano de 2000 quando entrou para o programa de prevenção
criminal “Comércio Seguro”, que existe ainda hoje e que tinha como objetivo criar um sistema de contatos de urgência entre os comerciantes e as forças
de segurança. Em conjunto com este programa de proximidade começou, mais tarde, com o programa “Apoio 65 – Idosos em Segurança”, no que, na altura, era designado por PIPP: Projeto Integrado de Policiamento de Proximidade.

Hoje em dia, o Agente Principal Mestre também
responde a alguns ofícios do tribunal, mas o foco dos
seus vinte e seis anos de trabalho como Agente de Proximidade
da PSP está no agora renomeado Programa MIPP – Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade. “Devo ser dos mais antigos de Lisboa”. Operacionalmente, estes agentes têm uma missão que abrange o policiamento de visibilidade, a resolução e a gestão de ocorrências ou conflitos, o reforço da relação polícia/cidadão e a detecção de situações que possam vir a constituir problemas sociais ou das quais possam resultar práticas criminais. “A ideia do nosso serviço é mesmo o contato próximo, tanto com o comerciante como com o idoso, e hoje em dia temos também outra valência, que é a violência doméstica”.

POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE

São muitas as ações de sensibilização que, desde há dois anos e meio, o Agente Principal Mestre e a Agente Principal Vieira, em parceria com a Junta de Freguesia de Campolide realizam junto dos idosos e novas ideias não lhes faltam. Desde passeios de tuk-tuk pela cidade, a sardinhadas, à 1.ª Feira do Idoso de Campolide, a trabalhos manuais feitos pelos seniores e oferecidos à esquadra e à junta de freguesia, a peças de teatro e até mesmo à comemoração do centésimo aniversário de uma idosa da freguesia, são muitas as atividades que desenvolvem. Recentemente, por exemplo, levaram os meninos da Escola Mestre Querubim Lapa ao Lar de Idosos das Irmãzinhas dos Pobres “onde cada um adotou um avô”. É com satisfação que nos revela que “a nível de comando, temos sido bastante elogiados pelas atividades que tivemos”. Morando e trabalhando em Campolide, isto também faz com que esteja praticamente sempre de serviço. “Vá fardado ou vá à civil”, toda a gente o conhece e vai ter com ele. Nesta freguesia criou as suas segundas raízes e, por isso, foi deixando o tempo passar e com ele desvanecer o apelo de voltar à sua terra natal.

DESAFIOS E HISTÓRIAS PARA CONTAR

São inúmeros os episódios marcantes que pautaram o seu percurso como agente. Entre tantos, recorda, por exemplo, o de um casal idoso que vivia num prédio sem elevador e que já não saía à rua. “Como costumo dizer,
acaba por ser uma prisão em casa”. O isolamento foi-se agravando, mas, mesmo assim, o Agente Principal Mestre conseguiu fazer alguns progressos com este casal. No entanto, a ajuda só pôde ir até ao ponto que eles
permitiram. Apesar de querer ajudar, sabe que há um momento a partir do qual, como agente de autoridade, não pode interferir porque tem de respeitar a vontade das pessoas. São situações complexas e desafiantes. “Às
vezes, parece que os estamos a ver a morrer aos poucos e eles não querem, não aceitam e não vão”. Lembra também situações de violência doméstica, inclusive de filhos para pais e confessa que às vezes é difícil chegar a
uma solução melhor, devido à complexidade dos contextos de cada caso. No entanto, apesar dos desafios, o prato da balança pesa sempre mais para o lado positivo. “Estamos cá para ajudar e para continuar a ajudar”. A relação de proximidade que estabelece com os idosos da freguesia vai fazendo com que “vamos nos afeiçoando e comecem a ser os nossos tios ou avós”. O seu telefone de serviço está sempre ligado, seja dia útil ou fim de semana e há mesmo quem lhe ligue para pedir ajuda com situações corriqueiras e às quais não consegue dizer que não. Naturalmente, o trabalho com uma população mais envelhecida também faz com que “muitas das pessoas que conhecemos, de um momento para o outro, partam”. É algo que, confessa, “faz parte”, mas que custa sempre.

PROXIMIDADE E CONFIANÇA

Esta forma de policiamento de proximidade também tem contribuído para mudar a mentalidade das pessoas sobre a polícia. Com o passar do tempo, a relação de confiança vai-se estreitando e os idosos, hoje em dia, é
como se dissessem que “são os polícias deles”. Presentemente, fazendo um balanço, aponta como características principais para este tipo de função a paciência, o gostar do que se faz e o saber ouvir. “As pessoas precisam de falar, têm necessidade”. Numa vida de correria como a que temos atualmente, às vezes sobra pouco tempo para ouvir, é verdade, por isso é que “além de polícias, somos também muita coisa: psicólogos, assistentes
sociais, eletricistas, fazemos de tudo um pouco. Parece que não, mas faz aí a diferença”. É pelo seu trabalho junto da comunidade e pela forma como honra a freguesia que em 2012 foi homenageado pela Junta de Freguesia com uma Medalha de Mérito. São 26 anos de carreira na PSP que se celebram no dia 25 de março, recheados de serviço e dedicação ao próximo e aos mais fragilizados, e de cujo protagonista ouvimos, como mensagem final: “Sejam felizes”.

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