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COLETIVIDADES | ESCUTEIROS DE CAMPOLIDE ALEGRIA, AVENTURA, AMOR PELO AR LIVRE E ESPÍRITO DE EQUIPA

Fotos: Francisco Melim | Texto: Catarina Peixoto

O CORPO NACIONAL DE ESCUTAS CONTA COM DOIS AGRUPAMENTOS NA FREGUESIA, QUE ESTÃO SEDIADOS NA SERAFINA E EM CAMPOLIDE. APESAR DE TEREM MUITAS CRIANÇAS DE FORA, É RARO O ESCUTEIRO QUE ENTRA PARA QUALQUER UM DOS AGRUPAMENTOS E DESISTE. ISTO PORQUE AS ATIVIDADES, O COMPANHEIRISMO E O GRUPO DE AMIGOS QUE SE CRIA PARA ALÉM DA ESCOLA TRAZEM GRANDES ALEGRIAS. E QUEM É
ESCUTEIRO SABE DISSO.

O escotismo é um movimento juvenil mundial fundado em 1907 pelo militar britânico Robert Baden-Powell, que visa o desenvolvimento dos jovens através de valores positivos, do trabalho em equipa e da vida ao livre. Em Portugal, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) – Escutismo Católico Português – nasceu em 1923 pelas mãos do Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos e do Dr. Avelino Gonçalves. Em Campolide existem dois agrupamentos com uma longa história e que têm sido base para a formação de centenas de jovens da freguesia.

SERAFINA E CAMPOLIDE

O Agrupamento 53, Serafina, é atualmente chefiado por José Guilherme e a sua génese remonta ao ano de 1942, antes de haver uma paróquia constituída. Em 1959, com a última reorganização das paróquias de Lisboa e também a criação da freguesia de Campolide, o agrupamento mudou a sua nomenclatura para 53 e inseriu-se na Paróquia de S. Vicente de Paulo. Apesar de ter uma sede que não está dentro da igreja, como habitual nos outros agrupamentos, está igualmente ligado à mesma, pertencendo ao movimento pastoral. Desde a sua formação “que estiveram aqui umas belíssimas centenas de jovens e umas largas dezenas de adultos” e, neste momento, conta com cerca de cem crianças. Já a sede do Agrupamento 263, Campolide, situa-se na Igreja de Santo António de Campolide e fez este ano, no dia 7 de março, cinquenta e seis anos de existência. Com um efetivo de cerca de 70 pessoas, entre crianças e animadores, o agrupamento é caracterizado pelo seu dinamismo e é liderado por Jorge Guimarães. Conforme nos conta Raquel Fonte, chefe adjunta, cerca de metade dos elementos são de fora da freguesia, até mesmo no efetivo, e o mesmo acontece com o agrupamento 53, que tem trabalhado “com uma base que vai até cerca de cinquenta por cento de jovens aqui do bairro”. Segundo José Guilherme, não têm tido falta de procura e têm “conseguido integrar toda a gente”.

ORGANIZAÇÃO

Como todos os outros agrupamentos do CNE, estes dois encontram-se divididos em quatro secções etárias. A secção dos mais pequenos, chamados Lobitos, denomina-se Alcateia e compreende elementos que têm entre 6 e 10 anos. A segunda secção, designada Expedição, é composta pelos Exploradores, com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos. A secção seguinte intitula-se Comunidade e os seus elementos, os Pioneiros, têm entre 14 e 17 anos. A ultima secção, dos mais velhos, é o Clã e os seus elementos são chamados de Caminheiros. Estes usam um lenço vermelho ao pescoço e vão dos 18 aos 21 anos. Chegados a esta idade, os escuteiros passam por uma última etapa que é a Partida, onde rumam para a vida adulta e “deixam de ser uns meninos escuteiros”, como nos diz José Guilherme. Nesta fase, escolhem o que querem fazer, deixar o movimento ou continuar, tendo então que fazer formação para orientarem outras crianças e se tornarem dirigentes. Não obstante, o recrutamento de dirigentes também pode ser feito a adultos que tenham sido escuteiros em mais novos ou até que nunca o tenham sido, mas que possuam a vontade, a vocação e a preparação para aderir ao movimento. José Guilherme ressalva ainda que, há cerca de cinco anos, os dirigentes têm também na sua formação um módulo de seleção prévia relativo à proteção de crianças e jovens. “O escutismo, a nível mundial, já está preocupado com esta questão há muito tempo.” De sublinhar que o site da associação possui um botão de pânico onde qualquer pessoa, dentro ou fora do movimento, pode carregar e fazer uma queixa. “Depois temos por trás uma equipa profissional que trata e encaminha.”

DINÂMICAS

“Nós vivemos para estar fora, para estar no campo”, diz-nos José Guilherme. No seu agrupamento, cada secção tem uma saída mensal para acampar, ao fim de semana, tirando a altura do ano em que as condições não o permitam. Nos restantes fins de semana reúnem-se aos sábados para fazerem atividades e irem, cerca das 18h, até à igreja para assistirem à missa. No agrupamento 263 também se reúnem ao sábado, cerca das 14h30, e começam por fazer uma formatura inicial. Depois, cada secção vai para a sua sede, onde se reúnem e têm catequese. Em seguida vão à missa, onde se encontram com os elementos do outro agrupamento. Raquel Fonte explica-nos que no seu agrupamento não têm acampamentos programados mensais, mas que escolhem antes épocas especiais, como o Carnaval ou a Páscoa, conciliando com as férias escolares. Também fazem atividades em dias especiais, como o Dia do Núcleo Ocidental, ou o Dia de S. Jorge, que podem dar direito a insígnias que depois cosem nas camisas. José Guilherme também nos admite que “a nossa agenda, de facto, é muito preenchida”. Para além da já referida rotina de sábado e dos acampamentos mensais, no seu agrupamento ainda frequentam formações e fazem voluntariado de apoio ao Banco Alimentar, tal como o agrupamento 263.

PROJETOS E AUTONOMIA

Uma das premissas que o fundador do escutismo previu foi perguntar aos jovens o que queriam fazer. Neste sentido, todas as atividades feitas no centro do agrupamento da Serafina têm em vista um projeto sugerido e construído pelos próprios jovens, seja ele a preparação do próximo acampamento mensal ou uma saída maior. Nesse sentido, “o que fazemos é enquadrar e dar o apoio técnico e o conhecimento que é necessário para que as coisas se tornem verdade”, diz-nos José Guilherme. O conceito é o mesmo no agrupamento de Campolide, onde neste momento preparam uma ida a um encontro mundial de escuteiros em Kandersteg, na Suíça. “Para tal, temos de fazer várias angariações de fundos para que o custo da atividade se torne menor”, como o festival dos petiscos, o festival das sopas, bingos e outras iniciativas. Raquel Fonte diz-nos que há ainda a vontade de ir ao ACANAC, Acampamento Nacional, em Idanha-a-Nova e ao ACAREG, Acampamento Regional, em Ferreira do Zêzere.

BENEFÍCIOS

É inegável que o escutismo se rege por uma dedicação, um espírito aventureiro e uma capacidade para trabalhar em equipa, que José Guilherme aponta como a competência mais importante que o movimento traz às crianças. “As empresas começam a valorizar isso também.” É desde cedo que os escuteiros começam a trabalhar em equipa, aprendendo a organizar-se e a encontrar a sua posição conforme as suas aptidões. Juntos, também têm de ser capazes de defender um projeto ou uma proposta em plenário e assim funcionam durante toda a sua permanência no agrupamento. Já Raquel Fonte enfatiza o crescimento individual e a autonomia que o escutismo traz às crianças, fazendo com que “saibam se desenvencilhar”, que tenham um espírito aventureiro e que, não menos importante, “sejam um bom exemplo para os outros”.

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A CASA ONDE NASCEU É AGORA UM HOSTEL, FRUTO DO DESPOVOAMENTO DO BAIRRO DA LIBERDADE, MAS AS MEMÓRIAS QUE GUARDA CONSIGO TRANSPORTAM-NOS PARA UM BAIRRO VIVO E VIBRANTE, QUE GUARDA NO CORAÇÃO. HOJE É ALUNO DA UNIVERSIDADE SÉNIOR E MANTÉM-SE ATIVO E PARTICIPATIVO NA FREGUESIA, COM UMA DILIGÊNCIA QUE SEMPRE O CARACTERIZOU.

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