ENTREVISTA COM O SUPERINTENDENTE PAULO CALDAS

Fotos: Francisco Melim | Texto: Diana Correia Cardoso

CONDECORADO COM A MEDALHA DE HONRA PELOS SERVIÇOS PRESTADOS À FREGUESIA DE CAMPOLIDE, O SUPERINTENDENTE PAULO CALDAS, NO CARGO DE COMANDANTE DA POLÍCIA MUNICIPAL DE LISBOA DESDE 2015, FALA EM ENTREVISTA EXCLUSIVA AO NOTÍCIAS DE CAMPOLIDE, DO SEU PERCURSO E DOS DESAFIOS QUE A POLÍCIA MUNICIPAL ENFRENTA.

Aos 18 anos, Paulo Caldas dava os primeiros passos na Escola Superior de Polícia. A sua vocação como Oficial de Polícia conduziu-o ao exercício de enormes cargos de relevo nacional e internacional. Foi Comandante Distrital de Castelo Branco, Diretor do Departamento de Segurança Privada da PSP, Segurança da Presidência Portuguesa da União Europeia, Diretor de Serviços de Relações Internacionais. Em Moçambique, esteve como Oficial de Ligação do Ministério da Administração Interna junto da Embaixada de Portugal em Maputo e assistente técnico principal de Projeto da União Europeia de apoio ao Ministério do Interior da República de Moçambique.


Notícias de Campolide (NC) – Como e quando decidiu entrar para a PSP?

Paulo Caldas (PC) – Foi um processo natural, resultante do facto de ser o mais velho de 3 irmãos, filhos de um polícia. A farda estava sempre lá, e, tendo crescido num ambiente policial, não hesitei em concorrer à então Escola Superior de Polícia, em 1986. Naturalmente, não escondo ter existido uma forte influência do meu pai, que, embora não tendo sido direta, foi decididamente a minha maior fonte de motivação.


NC – Das suas experiências anteriores, qual foi a que melhor o preparou para desempenhar o cargo de Comandante da Polícia Municipal?

PC – O exercício dos cargos de Comandante do Comando Distrital de Castelo Branco e o de Diretor do Departamento de Segurança Privada da PSP foram especialmente desafiantes e, nesse sentido, proporcionaram-me algumas ferramentas fundamentais para o desempenho do atual cargo.


NC – Como descreve as suas experiências no âmbito das relações internacionais? Que trabalho desenvolveu na República de Moçambique?

PC – A experiência internacional correspondeu a um período muito importante da minha carreira policial. O trabalho realizado em Moçambique teve duas componentes: a ligação/cooperação entre as Forças e Serviços de Segurança de Portugal e os serviços homólogos moçambicanos, com relevância para o planeamento e execução de programas de cooperação bilateral; e a implementação de um projeto arrojado de cooperação delegada da União Europeia de apoio institucional ao Ministério do Interior, com um envelope financeiro de 10 milhões de euros, nas áreas da polícia, na formação e fornecimento de equipamento para a polícia nacional, bombeiros, identificação civil, controle de fronteiras, investigação criminal e Academia de Polícia. Foi um enorme desafio, inovador e muito trabalhoso, principalmente por ser o primeiro projeto em cooperação delegada executado pela cooperação portuguesa e da União Europeia na área da Polícia em Moçambique. Foram muitos anos de uma dedicação ímpar que proporcionou momentos únicos e ainda hoje perduram os contactos e muitas amizades, que considero, como se costuma dizer, “para a vida”.


NC – Quais foram os principais desafios que enfrentou na sua carreira? E como os superou?

PC – Sem dúvida que o maior desafio que enfrentei na minha carreira foi o exercício do cargo de Comandante da Polícia Municipal durante a pandemia Covid19. Foi um trabalho excecional de adaptação, onde a flexibilidade e a versatilidade assumiram um papel preponderante, realizado com distinção, por todos aqueles que trabalham na Polícia Municipal. Adotámos medidas operacionais que exigiram um enorme esforço de adaptação face à escassez de recursos humanos e aos desafios provocados pela pandemia e, ao mesmo tempo, uma preocupação permanente do Comando na proteção dos seus elementos.


NC – Como é o dia a dia do Comandante da Polícia Municipal?

PC – Começa normalmente pelas 7H30 com a chegada ao comando, e só termina pelas 19H00-20H00. Se perguntar à minha mulher, ela dir-lhe-ia que é um trabalho permanente, de dia, de noite, durante os fins de semana ou em períodos de férias, que o Comandante da Polícia Municipal não tem descanso, que atende o telefone a qualquer das 24 horas do dia, porque comandar a Polícia Municipal de Lisboa é uma atividade constante e permanente.


NC – De que forma a Polícia Municipal garante a segurança pública?

PC – A conceção coloquial de polícia remete a existência deste organismo para as questões de segurança imediata da integridade física, proteção da propriedade e manutenção da ordem pública. Mas do ponto de vista legal existe também o campo da regulação social. Ora, as polícias municipais não são forças de segurança. A prevenção securitária direta na via pública, através da ação de patrulha preventiva, ou da investigação criminal, são áreas da exclusiva atividade das forças e serviços de segurança, nomeadamente, em razão da responsabilidade territorial, da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana. A ação da polícia municipal é uma ação percursora e preparatória: a ordem social antecede a prevenção criminal e a manutenção da ordem pública.


NC – Qual é a importância da implementação do modelo de policiamento comunitário na Freguesia de Campolide, no- meadamente no Bairro da Serafina e no Bairro da Liberdade?

PC – O facto destas equipas policiais serem fidelizadas a territórios específicos, contribui não só para que tenham um conhecimento aprofundado dos problemas e recursos dos territórios, mas também os agentes serem conhecidos pela população, o que facilita a relação de confiança entre a polícia e os cidadãos e a comunicação de problemas e de preocupações de segurança por parte da comunidade. Acreditamos que, com esta metodologia de policiamento, podemos contribuir para melhorar o sentimento de segurança nestes territórios.


NC – Quais são as principais responsabilidades e desafios do seu cargo?

PC – As responsabilidades decorrem da lei, e o maior desafio é, como costumo dizer “estar sempre onde precisam de nós”.


NC – Qual é o segredo para uma boa liderança?

PC – Passa por gerar envolvimento de todos, saber guiar a equipa no grande objetivo que nos norteia, saber ouvir quando é preciso ouvir e ser firme quando é necessário ser firme. Fundamentalmente, um equilíbrio, entre a missão, os valores, e a identidade da equipa, que se quer íntegra, transparente e verdadeira. E, naturalmente, um líder que não dá o exemplo, jamais conseguirá exercer uma boa liderança.


NC – Tem planos ou objetivos para o futuro da Polícia Municipal? Como pretende alcançá-los?

PC – A reposição de efetivos policiais é o maior objetivo do comando. Até lá, o grande plano e objetivo é manter o cumprimento da missão e atribuições. Desejo que a Polícia Municipal de Lisboa se mantenha como uma polícia que responda à sua cidade e aos seus munícipes com elevada prontidão, educação e profissionalismo. São estes os meus planos para esta Polícia: que se mantenha uma referência nacional.


NC – O que significa para si a atribuição da medalha de honra pelos serviços prestados à Freguesia de Campolide?

PC – Ser agraciado com a condecoração da Junta de Freguesia de Campolide, numa cerimónia perante os seus eleitos pelo povo e dos seus trabalhadores, tem para mim uma importância pessoal única e que muito me orgulha. Sendo a proposta e a entrega da condecoração sido feitas pelo Presidente da Junta de Freguesia, Miguel Belo Marques, tem um significado muito especial para mim, sobretudo porque foi umas das pessoas que mais me apoiou nos primeiros passos que dei no cargo de comandante da Polícia Municipal em 2015. Profundo conhecedor do meio municipal, foi sempre, com muita atenção, dedicação e cortesia, que respondeu prontamente às minhas solicitações e dúvidas. Deixo aqui o meu público reconhecimento e agradecimento.

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