Campolide à mesa: Cantinho do Alfredo

Uma vez tasca, tasca para sempre


Fotos: Mariana Branco | Texto: Diana Correia Cardoso
“Juventude, o que é que vai ser?”. Quer seja velho ou novo é com esta a icónica frase que Albino Miguel, o vai receber. Natural da Beira Alta, foi na Suíça que estudou e aprendeu do zero tudo o que hoje sabe sobre a restauração. Trabalhou em vários restaurantes italianos e franceses, mas a comida portuguesa foi sempre o seu “estilo”.
Aos 64 anos, continua a ser o único empregado de mesas e balcão, num negócio que gere sozinho desde 1989. Mas a existência do Cantinho do Alfredo data de muito antes. O primeiro proprietário do estabelecimento era o senhor Alfredo, que acabou por dar o nome ao estabelecimento. Tanto que, quem lá vai nas primeiras vezes, não conhecendo Albino, trata-o por Alfredo. Esta já é uma das particularidades que caracteriza o restaurante, sendo que o atual dono nunca se importou que lhe trocassem o nome. Mais cedo ou mais tarde, os clientes apanhados de surpresa, depressa corrigem o erro.
Desde a primeira gerência pouco mudou. Não foi só o nome que se manteve inalterado. Quem passa pela rua General Taborda e olha para a fachada do restaurante vê que aquele é um dos lugares que conserva um pouco da história de Campolide e de uma Lisboa antiga. É hoje um restaurante, mas há muitos que ainda o consideram uma tasca. É compreensível.
O espaço é muito pequeno e tem um cheiro próprio. O anfitrião continua a ser um só e por acaso ostenta um bigode. Tem amizades de longa data com os vizinhos, muitos deles clientes, com quem aproveita para socializar, analisar o jogo de futebol da noite anterior e comentar o estado da política do país. O cardápio de comida manteve-se tipicamente português, como era na altura da gerência de Alfredo. Por cima das toalhas de papel que forram as mesas, os pedidos são servidos numa travessa metálica, em doses generosas, deixando qualquer um satisfeito. O prato principal, por si basta, mas o atencioso senhor Albino faz questão de adocicar os seus fregueses com umas peras bêbadas ou uma fatia de bolo de bolacha.
O pequeno espaço do restaurante é envolvido pela sua decoração com objetos de toda a ordem, muitos deles presenteados. Como numa típica tasca, o balcão é metálico, a televisão encontra-se num canto da sala e há uma montra à entrada, onde se expõe a carne e o peixe que se irão comer. O ambiente fica completo pelo barulho dos pratos, copos e talheres com o qual se misturam as conversas paralelas.
No Cantinho do Alfredo é possível comer uma refeição até 10 euros. Embora os preços baixos, há uma coisa que mudou e que o faz perder o seu estatuto oficial de tasca. É o facto de servir apenas almoços e jantares, perdendo
a vertente de bar. O pessoal das obras, os doutores, os vizinhos… todos sabem que podem contar com os pratos habituais – alheira com ovo, uns secretos, um peixinho grelhado – ou com os diferentes pratos do dia, mas recorrentes todas as semanas – as pataniscas (às segundas-feiras), o cozido (no tempo mais fresco), umas bochechas. O regalo da clientela reside também no espaço, que se manterá inalterado e congelado no tempo, sempre que lá voltarem e o Sr. Albino os sentar à mesa.
RESTAURANTE CANTINHO DO ALFREDO
Rua General Taborda nº44
2ª a sábado: 9h00 às 22h00
Encerra ao domingo
Telefone: 21 388 2662
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